Com a primeira rodada da Copa do Mundo chegando ao término, algumas pessoas começaram a questionar sobre a zebra. Teve gente que pensou que, porque a Copa está sendo realizada no continente de origem do surpreendente animal, que se veste com as cores do Botafogo, o bicho se comportaria de maneira educada e deixaria que tudo acontecesse dentro da mais perfeita previsibilidade.
Todavia, não foi o que ocorreu. A zebra decidiu dar o ar de sua graça. Para mostrar sua indiferença em relação aos touros, heróis das furiosas touradas de Madri e adjacências, ela apareceu no jogo em que a Espanha enfrentou a seleção da Suíça. Favas contadas. Assim pensaram os espanhhóis e mais da metade do mundo futebolístico. Impossível a seleção campeã e sensação da Europa empatar ou, muito menos, perder para a seleção helvética, uma equipe famosa por sempre jogar na retranca.
Mas a zebra não engrossou o coro da maioria. Foi para o estádio de Durban, escolheu um lugar discreto para não ser vista. Assistiu ao primeiro tempo com olhos de estrategista e em nada interferiu. Enquanto isso, os otimistas se questionavam se demoraria muito para a Espanha encher de gols o balaio suíço.
Depois do primeiro tempo de redes intocadas, as equipes voltaram para a fase final. Então, a zebra decidiu mostrar que torcia pela seleção da Suíça desde criancinha. Será que ela se lembrou da fábula sobre a corrida da lebre e da tartaruga? Ninguém imaginava que a segunda pudesse vencer a primeira, mestre da velocidade, numa disputa de alto nível. A lebre teve várias chances para vencer a corrida em pouquíssimos minutos. Porém decidiu tripudiar do fraquíssimo adversário, indo e vindo, várias vezes, até a linha de chegada sem cruzá-la. Numa dessas idas e vindas, a lebre escorreu e a tartaruga cruzou tranquilamente, vencendo a disputa.
Talvez tenha sido essa a recordação da zebra de pois de ter visto a equipe espanhola desperdiçar diversas oportunidades no tempo inicial. O jogo recomeçou. Aos aos seis minutos, ela levantou do lugar onde estava sentada, gritou: " Agora é comigo!". Quase que por encanto, Benaglio, o goleiro helvético, bateu o tiro de meta. A bola encontrou Derdyiok, que disputou a bola com Casillas. A bola sobrou para Fernandes (foto). O suíço nascido em Cabo Verde bateu para o gol vazio e decretou o placar que se manteria até o final do jogo. Espanha 0 x 1 Suíça.
Diz o ditado, "perdido por um, perdido por mil". A Espanha correu atrás do prejuízo de maneira desorganizada. A Suíça tratou de administrar a vantagem. O juiz não queria acreditar no placar. Por isso ofereceu cinco minutos de acréscimo para que a Espanha deixasse para trás sua fama de time "amarelão" das copas. Foi inútil essa ajuda. O jogo acabou com festa suíça. A zebra se despediu dos presentes e foi embora. Prometeu que assistirá outro jogo. Só não disse qual.
Aroldo José Marinho
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