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sábado, 22 de maio de 2010

Sessão Momento Musical: Ney Matogrosso

Quem se apresenta hoje em Brasília é Ney Matogrosso (foto). Ele passou por aqui em 2009 com o show Inclassificáveis. Desta vez, o grande intérprete traz para nós um show diferente. Beijo bandido, foi concebido dentro de um formato quase camerístico. 

Em vez de um grande banda como no ano passado, desta vez, com Ney sobem ao palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães: Leandro Braga (piano e arranjos), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão).

Segue abaixo trechos da entrevista que o artista concedeu a Irlam Rocha Lima, publicada na edição de  hoje do jornal Correio Braziliense.






Quatro perguntas - Ney Matogrosso

No Inclassificáveis, o show anterior, você levou a performance cênica às últimas consequências, com direito a número em meio à plateia. Em Beijo bandido prevalece o intérprete. Você tem necessidade de estar sempre propondo novidades? 


Não consigo conviver com a repetição. Estou sempre pensando em algo diferente para apresentar ao público em meus espetáculos. Isso é que me mantém aceso, que me leva a seguir em frente aos 68 anos. Nenhum show que fiz , ao longo de quase 40 anos de carreira, foi igual ao anterior. Embora o Beijo bandido seja quase um recital, não é uma coisa contida. Imprimo o meu movimento do vaivém. 




O repertório, porém, traz, predominantemente, músicas consagradas e algumas delas já haviam sido cantadas por você em disco ou show. Por que trazê-las de volta? 


Primeiro porque são canções belíssimas, depois porque posso recriá-las a partir de novos arranjos. Cito como exemplo, As ilhas, de Astor Pizzolla e Geraldinho Carneiro, que gravei em 1974 na Itália, acompanhado por Piazzola e que nunca havia cantado em show. Ela entrou no Beijo bandido, com arranjo de Leandro Braga. Outra coisa, certamente as músicas consagradas a que você se refere, soam como novidade para as novas gerações. 



Mesmo sem levantar bandeira, você nunca escondeu sua orientação sexual. Foi preciso transpor obstáculos para se fazer aceito, respeitado e admirado? 


Em tempos mais obscuros, superei obstáculos, que, para mim, eram apenas chateações passageiras. Nunca quis me ver naquela escuridão, pois desejava deixar claro para as pessoas que a sexualidade não define ninguém como cidadão, mas sim o caráter. Sempre lidei tranquilamente com homossexualidade e mostrei, na prática, que não havia sofrimento, como quer parte da sociedade. 

O que difere a Brasília onde você viveu, entre o fim da década de 1960 até o começo da de 1970, da metrópole de hoje? 


A diferença é grande. A Brasília daquela época era uma cidade pacata com pouco mais de 50 mil habitantes. Havia aquela solidão propícia ao experimento, que oferecia muitas possibilidades. Foi aí que aos poucos fui me descobrindo como pessoa, inclusive sexualmente. Tinha uma vaga noção do que era ser artista e isso foi outra coisa que descobri em Brasília, inicialmente como artesão e depois como cantor. 












































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