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sexta-feira, 23 de julho de 2010

O bem amado, o retorno?

Na quarta-feira (21/07) foi reaIizada a pré-estréia da versão cinematográfica de O bem amado.  A clássica novela de Dias Gomes, foi levada para a tela grande por Guel Arraes. Tinha tudo para dar certo: diretor criativo, elenco global e talentoso. Nada poderia dar errado. Será mesmo?

O filme foi bem produzido, a reconstituição de época está impecável. Porém, ao apagar das luzes, fica na cabeça do espectador a triste constatação de que, o filme em nada acrescenta ao universo da arte brasileira nem ao currículo de Arraes.

Mas a culpa não é tanto de Arraes e sua trupe. O problema é que a história de Odorico Paraguaçu já foi contada (em novela) e recontada (em série) na Globo. Quem viu, sente saudade das magistrais interpretações de Paulo Gracindo, na pele de Odorico, e Lima Duarte, como o matador Zeca Diabo. Isso contar as atuações de Emiliano Queiroz, Ida Gomes, Dorinha Durval, Dirce Migliaccio, Lutero Luiz, entre outros. Quem nunca assistiu, por opção ou porque não nasceu antes de 1985, certamente, fica com inveja dos que puderam ter acesso a esta obra-prima de Dias Gomes.

Por isso, é difícil realizar uma adaptação da novela/série sem fugir dos lugares comuns. O elenco mostra esforço e competência. Mas não empolga. Marco Nanini, como protagonista, mostra brilho. Todavia, em alguns momentos, o espectador fica com a impressão de que sua referência é o deputado João Plenário, personagem corrupto interpretado por Saulo Laranjeira no humorístico A Praça é Nossa. E José Wilker não faz muito progresso como o temível Zeca Diabo.  Também descartável é o romance dos personagens de Caio Blat e Maria Flor. Qual a utilidade deles para a trama?

O bem amado é um trabalho que Dias Gomes escreveu em 1962. A ditadura que maltratou este país, de 1964 a 1985, deu a ele a chance de atualizar a história de Odorico Paraguaçu. Pensando bem, ainda hoje, há muitos políticos com atitudes que lembram o ilustre prefeito de Sucupira. Portanto, a intenção do filme não perde valor. Porém Arraes e Cláudio Paiva ficaram devendo no roteiro.

Porém a intenção desta postagem não é desmerecer a iniciativa de Guel Arraes. De jeito nenhum. O diretor foi competente, procurou fazer um trabalho de qualidade. Apesar de, em alguns momentos, a platéia se lembrar com insistência de Lisbela e o prisioneiro e O auto da compadecida, dois filmes de sucesso deste diretor.

Quem quiser rir um pouco, poderá fazer de O bem amado, a sua opção coinematográfica.

Bom programa!
Aroldo José Marinho

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